segunda-feira, 29 de agosto de 2005

Algumas Notas...

Este livro nasceu de um profundo desejo de falar sobre as máscaras que todo o homem veste. Sempre fui uma inquieta a procura de mim mesma, o que não tardaria em resultar em uma grande vontade de discursar sobre o tema.
Primeiro me veio o incômodo, depois o interesse. Hoje o que tenho é fascínio.
Julgo que seria o homem um ser por demais desinteressante se não fossem as suas máscaras. Atrás delas se escondem, atrás delas se revelam. E é neste complexo paradoxo que consiste a sua riqueza.
Somos por natureza seres do conflito. Seres trágicos em constante guerra com nós mesmos. Metade Apolo, metade Dionísio em eterna tensão. E desta árdua luta pelo equilíbrio resulta nosso conflituoso comportamento.
Mais uma contradição se faz imperativa. Por natureza desequilibrados não aceitamos desequilíbrios. É exatamente este o espaço que ocupam as máscaras. Entram em cena para fazer dialogar pacificamente desejo e censura.
São muitas as formas de um homem mascarar-se. Quisera eu falar de todas, ou ao menos ter acesso a todas as suas múltiplas facetas.
Este livro é apenas um rascunho de uma engatinhante consciência sobre o tema. Optei por organizá-lo em sub-temas, já que cada um já seria um universo sem fronteiras. Não tenho a pretensão de o delimitar. Preocupei-me apenas em criar sólidos leques que abrangessem de forma variada as inúmeras faces de uma máscara. Os títulos de cada capítulo - assim os chamarei por mera necessidade conceitual - são furtos de músicas que já anunciam o universo de máscaras que irá se mostrar.
A música tem a particular qualidade de sutilmente penetrar no inconsciente. Aproveitar esta influência me veio quase como uma ordem. Quis realçar o que em algum lugar já estaria escondido. Vou de Chico Buarque a Baia, de Candeia a Rita Lee, de Noel Rosa a Cazuza. Compositores de estilos contrastantes que só vem a reforçar a universalidade das máscaras.
A idéia de expressá-las em contos não poderia ter motivação diferente do que justamente neles me proponho a ilustrar. Atrás das personagens me liberto de qualquer pré-julgamento que possa me enredar. Confesso-me. Aqui começo a me esconder para poder me revelar. Sou eu pessoa a vestir-me de autora para tirar a minha mais mascarada máscara. Esta imagem acostumada que aprendi a chamar de “eu”.

No mais, deixo que falem as personagens...

Camila Moreira.

Um comentário:

  1. linda demais a maneira como vc escreve, torna uma leitura prazerosa, e me deu mta mas mta vontade de ler até final...e ficou um gostinho de qro mais...

    Marcos Ferlim

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